Scolari explica «não» à Inglaterra numa entrevista à BBC

"Luiz Felipe Scolari explicou em detalhe o seu «não» ao convite da Inglaterra para suceder a Sven-Goran Eriksson, numa descomplexada entrevista à BBC, conduzida pelo seu compatriota e antigo internacional Leonardo. O treinador brasileiro explica que não podia assumir um compromisso com a federação inglesa para, depois, durante o Campeonato do Mundo, pedir aos portugueses que «morressem por Portugal». Além disso, explica Scolari, os ingleses nunca foram claros quanto à constituição da sua equipa técnica.

O seleccionador de Portugal não deixou, no entanto, de referir a «honra» que sentiu ao receber o convite. «É um sonho para qualquer treinador no Mundo e fiquei muito contente quando isso aconteceu. [A Federação inglesa (FA)] foi muito correcta em todos os aspectos. Tudo decorreu numa boa atmosfera, a FA fez tudo de forma oficial, e pediram autorização à federação portuguesa (FPF) para falarem comigo», começou por contar.

Scolari explica que o processo foi sempre muito claro, Gilberto Madail acompanhou todos os passos e garante que não se aproveitou da situação para melhorar o seu contrato com a FPF. «Gostei mesmo das pessoas que me contactaram da FA. O presidente da federação portuguesa estava a par de tudo. Estava tudo a correr bem, mas depois parámos num ponto crucial para ambas as partes. Eles precisavam de anunciar o novo seleccionador num período que era impossível para mim. Tenho contrato até 31 de Julho com Portugal. Não aproveitei essa situação para melhorar o meu contrato com Portugal. Continuo a ter contrato até 31 Julho», acrescentou.

Mas a falta de acordo quanto às datas foi apenas um detalhe. Scolari explica que seria sempre difícil assumir um novo compromisso antes do final do Campeonato do Mundo. «Criámos uma boa relação, mas o problema foi que, pela minha maneira de ser, não podia aceitar ser treinador de outro país antes do Campeonato do Mundo, enquanto estava a representar Portugal. Imaginem que se encontrasse a Inglaterra no Mundial e tivesse que pedir aos meus jogadores, ¿morram por Portugal¿. Só posso dizer o que realmente sinto. Talvez na Europa seja normal, mas sou brasileiro e não me sentiria bem nessa situação», explicou.

O ambiente que se criou em Portugal também não ajudou à concretização do acordo com a FA. «Tentámos criar novas alternativas, mas decidi que antes do Campeonato do Mundo era impossível. Criei uma situação em Portugal que não gostava e não me sentia bem. Foi difícil tomar essa decisão», prosseguiu, acrescentando que os representantes da FA também não foram claros quanto à constituição da sua futura equipa técnica. «Também queria levar a minha equipa, mas esta possibilidade nunca foi muito clara. Tomei a decisão a caminho da Alemanha. Chamei a minha equipa e anunciei-lhes a minha decisão e eles apoiaram-me. Decidi que ia honrar o meu contrato sem compromissos com ninguém porque este é o meu projecto, o meu objectivo», destacou.

«Depois disso toda a gente ficou contente aqui, mesmo os jogadores que estavam à espera da minha decisão. Desejo a melhor sorte para a Inglaterra, espero que percebam a situação e, talvez um dia, quem sabe, quando estiver livre, venha a treinar a Inglaterra», prosseguiu. "

in Mais Futebol

Digam o que disserem, eu admiro este treinador. Espero que renove pela selecção nacional, apesar de todos os defeitos. Apesar de tudo tem uma coisa que me agrada especialmente: carácter.